segunda-feira, 9 de maio de 2011

Novo piso preocupa prefeitos

Chefes do Executivo dos municípios menores cobram mais subsídios do governo federal



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IPATINGA – O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, recentemente,
 pela constitucionalidade do piso salarial dos professores da rede pública.
 Dessa forma, os municípios e estados ficam obrigados a pagar um 
vencimento mínimo de R$ 1.187 para uma jornada de 40 horas semanais
 aos profissionais do magistério.
Contudo, essa decisão acaba por complicar ainda mais o orçamento dos
 municípios, principalmente, os de menor porte. Isso, se for levada em 
consideração a queda da arrecadação com o Fundo de Participação dos 
Municípios (FPM) ou os efeitos do “ICMS Solidário”, que redistribuiu a
 receita e levou perdas a alguns municípios.
Segundo levantamentos realizados pela Confederação Nacional dos
 Municípios (CNM), estima-se que, somente nos municípios de Minas
 Gerais, o impacto da implementação do piso dos professores seja de
 aproximadamente R$ 554,5 milhões. Em todo o Brasil a estimativa 
é que se ultrapasse a marca de R$ 5,4 bilhões.
O DIÁRIO DO AÇO procurou alguns dos prefeitos de cidades que fazem
 parte do Colar Metropolitano do Vale do Aço, no intuito de saber o 
impacto esperado no orçamento, com o cumprimento da obrigação.

Para Ademir Siman 80% da verba do Fundeb ficará comprometida



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Todos os prefeitos concordam que o pagamento do piso vai comprometer
 ainda mais os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
 Educação Básica (Fundeb). Para os representantes dos municípios é 
complicador, uma vez que o Fundo é o principal mecanismo de financia-
mento da Educação no Brasil, mas não se destina exclusivamente à folha 
salarial. O Fundeb precisa ser utilizado para outras ações como constru-
ção e reforma das escolas, transporte escolar, aquisição de material 
didático, formação dos professores, entre outras coisas.
“Apesar de já pagarmos um valor próximo do piso, a verba do Fundeb vai
 ser destinada quase que completamente para o pagamento da folha sa-
larial dos professores. Antes, chegava a aproximadamente 60% do 
valor do Fundo. Acredito que agora vai comprometer cerca de 80%”, ana-
lisa o prefeito de Açucena, Ademir Siman (PT).

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José Euler: assunto será abordado na Amva















Baque
O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Aço (Amva) 
e prefeito de Mesquita, José Euler (PPS), afirma que o cumprimento 
do piso dos professores será um baque no orçamento. “Vai ser bem
 complicado para as prefeituras menores, que já vem sofrendo há 
algum tempo com a redução dos repasses federais. Esse vai ser
 com certeza um dos principais temas na próxima reunião da Amva.
 Iremos discutir como interceder junto ao governo federal no intuito de
 conseguir uma ajuda para cumprir os nossos compromissos”, contou.
O prefeito de Jaguaraçu, Márcio Lima de Paula (PR), acredita que nenhum
 município está, de fato, preparado para esse acréscimo na folha de paga-
mento dos professores. Ele falou que os municípios menores não têm 
essa capacidade financeira, em virtude da Lei de
Arquivo DA
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Márcio Lima defende aumento do repasse para não comprometer municípios


















Responsabilidade Fiscal, que limita o valor que pode ser gasto com a folha
 salarial dos servidores.
Ele defende a valorização dos educadores, mas desde que haja uma con-
trapartida do governo federal. “O piso salarial tem que ser  mesmo implantado.
 Essa valorização do professor é muito importante e necessária, visto que hoje 
é cada vez mais difícil os jovens profissionais se interessarem pela carreira
 de magistério. Isso devido aos baixos salários pagos atualmente. Mas
 para isso é necessário que o governo dê um amparo financeiro para 
que possamos efetuar o pagamento dos salários sem comprometer 
outros investimentos em educação”, analisa Márcio.
Embora a maioria dos prefeitos considere que a implementação do piso 
será complicada, há casos de municípios em que os impactos serão
 menores, uma vez que as adequações já foram feitas. No caso de 
Belo Oriente, o prefeito Humberto Lopes (PT) disse que desde dezembro

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Humberto Lopes desenvolveu estudos para implementação do piso
de 2010 são realizados















 estudos para permitir que o piso nacional salarial dos professores possa
 vigorar na cidade.
 Três projetos de lei que regulamentam a implantação do piso salarial do 
magistério foram, inclusive, aprovados em plenário pelos vereadores na semana
 passada.

Ganhos
Segundo o chefe do Executivo, o aumento de 2,76% nas despesas com
 a folha de pagamento dos servidores para a efetivação do piso salarial 
não irá gerar desequilíbrio orçamentário no município. “Estamos dando
 um grande passo para aprimorar o ensino público na rede municipal, 
o que irá beneficiar diretamente as nossas crianças e jovens, valorizando
 ainda mais os nossos professores. Belo Oriente só tem a ganhar com isso”,
 avalia Humberto.
Outro governante que disse não estar preocupado com o impacto que o 
pagamento do piso vai proporcionar foi o prefeito de Marliéria, Waldemar 
Nunes (PT). “Em Marliéria o valor pago hoje já é bem próximo do estipulado.
 Além disso, esse ano mesmo foi aprovado o plano de cargos e carreira dos 
. Vai haver, sim, um maior comprometimento do Fundeb com a folha salarial. 
Resta agora os prefeitos
Arquivo DA
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Waldemar Nunes (PT) considera o momento oportuno para cobrar governo federal
cobrarem o aumento 
desse repasse pelo
 governo federal”, disse.
Essa cobrança por parte
 dos prefeitos da região 
vai ocorrer a partir do 
dia 10 de maio, quando
ocorre a XIV Marcha a
Brasília em Defesa dos 
Municípios. O evento se
 estende até o dia 12 e
 será a oportunidade
 dos prefeitos levarem 
suas reivindicações ao 
governo federal. Os
 representantes locais
 disseram que a questão 
do piso salarial dos professores 
é uma das prioridades e que vai ser amplamente debatido. “Vamos levar essa
 questão para o governo federal. Acredito até que esse assunto vai ser a tônica
 do encontro”, finalizou o prefeito de Belo Oriente, Humberto Lopes.